Resumo do relato completo:
Planejamento da viagem: Roteiro de Viagem, Itinerário no MyMaps, Geografia da Argentina, História da Argentina, Economia da Argentina, Migração na Argentina, Cultura Argentina, Câmbio da Argentina, Informações Importantes da Argentina e Curiosidades da Argentina
Dia 01: História, Informações importantes, Como Chegar, Onde se hospedar
Dia 02: Itineário no My Maps,O que fazer, Escultura da Mafalda e o Paseo de La Historieta, Zajón de Granados e Casa Mínima, Uma discoteca projetada por Gustavo Eiffel, Avenida 9 de Julho e o Obelisco, Teatro Cólon, Livraria el Ateneo, Buenos Aires Design, Museo Memorias de la Dictadura Militar, MALBA
Dia 03: Itinerário do My Maps, Bairro de San Telmo, Feira de San Telmo, La Libreria de Avila, Plaza de Mayo, La Boca, El Caminito, Grafites em La Boca, Puerto Madero, Museo Fragata Sarmiento e Puente de La Mujer
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Dia 03
Acordamos cedo no domingo para aproveitar nosso terceiro e último dia em Buenos Aires.
Começamos tomando um cafézão da manhã no hostel que nos hospedamos, o Art Factory, onde o café da manhã incluía: café, leite, suco (de pó, mas ta incluído né :D), água, pães, manteiga, doce de Leite. Enchemos o bucho, e saímos para desbravar a Feira de San Telmo.
Itinerário do My Maps
Para ficar mais fácil de entender o que tem para fazer na cidade, criamos um mapa utilizando o Google My Maps com os pontos turísticos separados por bairro.
Bairro de San Telmo
Buenos Aires foi fundada em 1536. À partir desse ano, a Argentina passou a receber ainda mais imigrantes europeus. Muitos em busca de melhores oportunidades, querendo ralar, e construir uma vida no novo continente.
E muitos vindos de famílias ricas, nobres, aristocratas. Que vieram para “curtir a nova Europa”.
As famílias ricas logo se ocuparam do bairro de San Telmo, construindo casas e edifícios seguindo a última tendência de arquitetura da época. Foram anos de muito investimento no bairro, que cresceu e se tornou o mais importante da cidade.
Essa hegemonia durou até o ano de 1871, quando não só Buenos Aires, mas toda a Argentina, sofreu com a epidemia da febre amarela. Fazendo com que as famílias mais ricas abandonassem sua residência.
De uma hora pra outra, o bairro passou a ser considerado um local abandonado na cidade.

1871 – A Epidemia de Febre Amarela e o Renascimento de San Telmo
Um ano muito triste para a história dos portenhos, e como sempre, pior para os menos favorecidos. Morando em regiões com menos estrutura, foram os mais atingidos pela epidemia.
Todos se surpreenderam ao saber que San Telmo, um bairro de famílias tão nobres, pudesse ser foco da epidemia.
As famílias mais ricas “nada puderam fazer” e saíram do bairro. De uma hora pra outra, o bairro mais moderno da cidade foi abandonado.

E se não fosse isso, hoje o bairro não seria tão atrativo quanto é hoje. Nessa época muitos(a) artistas, intelectuais, e famílias mais humildes aproveitaram a desvalorização das residências e se mudaram para o bairro.
Usaram toda estrutura e arquitetura de San Telmo para promover um estilo de vida mais boêmio, mais simples, e mais artístico. Um estilo de vida que acompanha o bairro até os dias de hoje, e nos encanta a cada esquina que passamos.

1871 – A Epidemia de Febre Amarela e o Sumiço dos Negros na Argentina
Já pararam para se perguntar: Por que na Argentina não existem negros?
O comércio negreiro aconteceu na Argentina entre os séculos XV e XIX, estamos falando de 400 ANOS! Existem dados de 1778 mostrando que a população negra chegava a 54% em algumas partes da Argentina. Em menos de 100 anos esse percentual caiu para 1,8% .
A abolição da escravidão se deu em 1853, e assim como aconteceu no Brasil, os negros “se tornaram livres”, porém sem nenhum tostão no bolso.

Foram forçados então a morar nas regiões mais periféricas do país, e eram sempre os primeiros a se “voluntariar” para as guerras.
Vivendo em áreas com péssimas condições de moradia, os negros foram os mais afetados pela epidemia de febre amarela. Soldados argentinos impediam que os moradores saíssem dos bairros, com medo da epidemia se alastrar para os brancos.

Nos anos seguintes, começou a se vender a ideia do “embranquecimento da população”, com a estúpida justificativa de que os brancos eram geneticamente melhores que os negros. Incentivando as mulheres negras a se envolverem com homens brancos. E assim, ano após ano, a cultura africana foi extinta dos pampas.
Feira de San Telmo
Muitas residências/mansões que foram abandonadas em 1871, hoje dão palco à galerias de arte, casas de tango, restaurantes, e principalmente ANTIQUÁRIOS!

Dizem que o bairro de San Telmo possui mais de 500 antiquários cadastrados! Vendendo peças que pertenciam às antigas famílias, e também itens seculares importados da Europa.
A Feira de San Telmo, foi criada pelo arquiteto José María Peña em um domingo de 1970. Contando com apenas 30 barraquinhas em sua primeira edição (sendo que duas delas, eram de amigos de José Maria Peña, que foram obrigados por ele a participar). A feira foi se popularizando, passando a acontecer todos os domingos do ano.

Hoje a Feira de San Telmo é considerada a mais tradicional da Argentina. Conta com 270 barraquinhas, e recebe cerca de 10.000 pessoas todos os domingos das 10h às 17h.

Começando na Calle Defensa, a feira se estende por todo o bairro.



São muitas barraquinhas, vendendo diversos itens. Se destacando os objetos antigos, comidas artesanais, roupas, e muito artesanato. E cada barraca com itens mais interessantes que as outras.



Andando pela feira, com certeza você dará de encontro com o Mercado de San Telmo. Fundado em 1897, e considerado Patrimônio Histórico Nacional, o mercado sempre funcionou do mesmo jeito. Com diversas barracas de: açougue, peixe, legumes, floricultura, padaria, sapataria, e por aí vai!


São tantas coisas bonitas, chamativas, e comidas deliciosas que fica difícil não abrir a mão! Compramos alfajores, caderno, “chollinha”, alpargata. Não era barato, mas consideramos o preço justo.




La Librería de Avila
Um lugar também pouco conhecido pelos turistas, é a Librería de Avila. um lugar interessantíssimo para entender a história, e formação cultural dos nossos hermanos.
Buenos Aires tem sua cultura intimamente ligada aos livros.

A capital argentina é a cidade com maior número de livrarias por habitante em todo o mundo!
São 25 livrarias para cada 10 mil habitantes (vamos usar São Paulo como comparação, que possui 3,5 livrarias para os mesmos 10 mil habitantes).
E a atual Librería de Avila, foi onde se vendeu o primeiro livro em Buenos Aires.
Em 1785, muito antes desse “pedaço da cidade” pensar em ser uma livraria, o farmacêutico Francisco Salvio Marull abriu um estabelecimento chamado La Botica, que vendia de tudo! Desde remédios a tabaco.

E foi nesse vende-tudo, que Francisco começou a trazer textos vindos da Europa, para segundo ele, “satisfazer as inquietudes bibliófilas” dos portenhos.
Em 1801, em La Botica, se vendeu o primeiro jornal de Buenos Aires, chamado de El Telégrafo Mercantil, Rural, Político, Economico e Historiográfo del Río de la Plata (nome todo pomposo).

Passaram-se os anos, e em 1830, La Botica deixou de vender de tudo para focar no ramo livreiro. E passou a se chamar de Librería del Colegio.
Em 1926 (depois de mudar de dono) o local foi demolido, e em seu lugar foi erguido um prédio com “estilo eclético” (não sei o que é um prédio desse estilo, li na internet), onde funcionou a editora Sudamericana entre 1929 e 1967.

Posteriormente foi vendido para uma cooperativa de ex-funcionários da Librería del Colegio, a livraria não vingou, e fechou em 1980.
FELIZMENTE, e muito felizmente, em 1993, um senhor chamado Miguel Ávila, um apaixonado por livros, e que era livreiro desde os 13 anos de idade, não deixou que essa parte da história fosse apagada, e comprou a antiga livraria.
A reforma levou mais de um ano, um trabalho quase arqueológico, devidos às preocupações de reviver a alma do lugar. E a partir de 1994, a livraria passou a se chamar Librería del Avila, onde Miguel continua vendendo livros junto com seu filho Facundo.

A livraria possui dois andares, no andar de cima, se encontram as novidades, os lançamentos. Já no subsolo encontra-se uma verdadeira riqueza, livros raros, que não são mais impressos.
O acervo é imenso e especializado em assuntos humanísticos, com destaque para temas argentinos e da América Latina.
Horário: segunda a sexta feira das 8h40 às 20h, e aos sábados e domingos das 10h às 14h e das 15h às 17h. Entrada gratuita.
Plaza de Mayo e Casa Rosada
Seguimos para Montserrat, para conhecer uma das praças mais importantes da Argentina e da América do Sul, a Plaza de Mayo.
Praça rodeada por prédios políticos importantes, destacando-se, o palácio presidencial La Casa Rosada.
A praça tem esse nome, em homenagem à Revolução de Maio de 1810, que deu inicio ao processo de independência das colônias da América do Sul.
Em 1816 foi nessa praça que se deu o grito de independência da Argentina, e em 1860 foi promulgada a Constituição Argentina.

A importância política da praça não se dá apenas no passado. É na Plaza de Mayo onde a história da Argentina continua a ser contada. Todos os protestos acabam acontecendo por ali.

Um exemplo disso foi o protesto de 1982 exigindo o fim da ditadura militar.

Andar pela praça, é sentir exatamente isso, é ver com os próprios olhos as insatisfações do povo argentino com a política do país. Com muitos cartazes, e movimentos ativistas acontecendo diariamente por lá.

Desde 1970 ocorre um protesto que já se tornou conhecido em todo o mundo. O protesto organizado pelo grupo “Mães de Praça de Maio”, que toda quinta-feira às 15h30 reúne mães que perderam seus filhos durante a ditadura militar, em frente a Casa Rosada. A fim de manter viva a memória de seus filhos.

La Boca
Localizado nas margens do Rio Riachuelo, rio de águas bastante poluídas, que separa Buenos Aires do distrito industrial de Avellaneda.

Historicamente colonizada por imigrantes italianos, principalmente advindos de Gênova. Construíram suas casas com o material que sobrava dos navios atracados no porto.

Conhecida inicialmente por ser uma região pobre e violenta, o turismo foi uma maneira de levar uma nova fonte de renda aos moradores de La Boca.

Dentre as calles, se localiza o El Caminito, com muitos restaurantes, casas pintadas, estátuas e dançarinos de tango. Uma típica região turística.

Andando por seus arredores, é possível encontrar ótimos restaurantes que retratam mais a cultura dos moradores do bairro.
La Boca também é conhecida entre os fãs de futebol, por conta do famoso time Boca Juniors. O time do bairro que tem como estádio o gigantesco La Bombonera, e que revelou o craque Maradona.

Onde Comer em La Boca
Fomos andando desde Montserrat, até La Boca, uma caminhada de uns 40 a 50 minutos.
Entramos no bairro, e passamos pelo Estádio La Bombonera. Não paramos para visitar, mas o lugar estava CHEIO de gente visitando!

Caminhamos mais um pouco, e paramos para comer em um restaurante mais local do que aqueles que ficam pelos arredores do El Caminito (esses tem apelos turísticos demais, e são mais caros).
Paramos no restaurante “Los talleres” em frente à entrada principal do La Bombonera e pedimos a famosa Parrilla. um churrascão argentino, com todo tipo de carne que você pode imaginar: frango, linguiça, chorizo, e um monte de tipos de carne vermelha.
O prato ainda acompanhava pão francês, e arroz. Para beber pedimos uma jarra de um 1 litro de sangria! Confessamos, que foi coisa demais! Hahaha

Todos que trabalhavam no restaurante eram super simpáticos. La Boca tem um povo completamente diferente da região do centro. E esses que são de origem mais humilde, como acontece na maioria dos lugares que passamos, são as pessoas mais calorosas com a gente.

El Caminito
Depois de comer fomos conhecer o famoso El Caminito.
Toda a parte turística de La Boca se concentra na rua El Caminito (está indicada em nosso mapinha no tópico My Maps), e seus arredores.


Toda essa reformulação no bairro, ocorreu graças à um pintor, chamado Quinquela Martin. Que junto com outros amigos artistas, transformou algumas ruas de La Boca com pinturas, esculturas, mosaicos, murais e outras expressões de arte, tornando uma região antes abandonada, em um museu a céu aberto.



Quinquela Martín faleceu no ano de 1977, e em homenagem à esse grande artista, sua casa/ateliê se tornou um museu. O museu fica aberto todos os dias das 9h-18h com entrada gratuita.

Gostamos muito de tudo que vimos por lá, mas como toda área muito turística, existem os poréns: restaurantes caros, e a impressão que tudo que você fizer será cobrado. E claro, MUITA MUITA GENTE! Mas nada que tire a beleza do El Caminito!


Grafites de La Boca
Saímos da região do El Caminito, para começar a nossa caminhada até o bairro de Puerto Madero. Caminhando um pouco pelo bairro nos deparamos com lindos, e progressistas grafites. Merecendo um destaque 😀



Puerto Madero
Caminhamos mais um pouco, cerca de 5 minutos, até passarmos por 2 policiais.
Ambos nos chamaram, e logo perguntaram:
-“vocês sabem por onde estão andando?”
-“sim, estamos indo para Puerto Madero, é por aqui não é?”
-“então, é perto…mas andar sozinho por aqui não é legal não, aconselharia vocês a pegarem um táxi. Vocês podem ser roubados no caminho”
Respiramos tristes, e seguimos o conselho dos policiais. Pegamos um táxi até Puerto Madero, a distância era curta, então saiu barato.

Puerto Madero foi a antiga zona portuária de Buenos Aires (daí o nome Puerto Madero). A partir de 1993, o bairro sofreu uma mudança drástica, no maior projeto urbanístico da história de Buenos Aires.
Um projeto que durou 7 anos e inaugurou um complexo de 170 hectares, onde armazéns foram substituídos por restaurantes, bares e discotecas.

Hoje a região destaca pela sua beleza arquitetônica. Como a Puente de Las Mujeres, e um enorme navio, que também é museu, chamado de Museo Fragata Sarmiento.
No bairro existem muitos escritórios, movimentando bastante a área empresarial de Buenos Aires.
O bairro é realmente muito bonito! Uma arquitetura de primeiro mundo, com gigantescos prédios futuristas, dando um ar completamente moderno ao bairro.

O que na nossa visão o deixa menos atraente, são as diversas lojas de artigos de luxo (existe um restaurante da BMW no bairro), tornando o público mais elitizado. Mas se você curte um restaurante mais refinado, Puerto Madero é o lugar!

Puente de Las Mujeres e Buque Museo Fragata Sarmiento
Em Puerto Madero, se encontram os dois principais pontos turísticos do bairro. A Puente de Las Mujeres, construída em 2001, por um arquiteto espanhol chamado Santiago Calatrava. A obra representa um casal dançando tango, eu sinceramente não consegui enxergar isso não hahaha.

E o Buque Museo Fragata Sarmiento, navio do final do século XIX, que entre 1889 e 1938 fez 37 viagens ao redor do mundo e funcionou até 1960. Foi declarado Monumento Histórico Nacional, transformado em museu. Só o vimos de longe mesmo.

Fim da Viagem
Voltamos caminhando de Puerto Madero até nosso hostel, o Art Factory, com o triste sentimento de ter acabado nosso tempo pela cidade. E registramos que o que tem de melhor a se fazer em Buenos Aires, é caminhar por suas ruas. Ruas lindas, movimentadas, calmas, rotineiras, divertidas, e monótonas, uma capital que é isso tudo junto, uma capital que poderíamos morar 😀

Chegamos no hostel, dormimos, e de madrugada o Transfer do Nestor estava na nossa porta no horário pontualmente indicado, para nos levar até o aeroporto de Ezeiza.
COMENTÁRIOS
2 COMENTARIOSVera
jul 31, 2016Tudo de bom esse blog. Me senti caminhando pelas ruas de los hermanos. Valeu gente!
Douglas Henrique da Fonseca
jul 31, 2016Olá Vera!
Brigadão pelo elogio!
Nos esforçamos não só para informar as pessoas sobre o que tem para fazer nos lugares.
Queremos na medida do possível inspirar as pessoas, mostrar que cada ponto turístico tem uma história por trás, e conhecendo melhor estas histórias, a viagem se torna ainda mais transformadora 😀
Abraço! E obrigado de novo 😀